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Entrevista - Camila Volpato Cintra

Processos e Treinamentos na Indústria Alimentícia para Melhorar a Qualidade e Pessoas

Camila Volpato Cintra - Formada em Medicina Veterinária na Anhanguera, Pôs graduada em Qualidade pelo Instituto Qualittas, e MBA em Gestão Industrial pela FGV

 

MN: Cada vez mais as indústrias buscam investir em treinamento e capacitação, principalmente as que utilizam muito a manipulação de alimentos. Como você vê esta questão?

Camila Volpato Cintra: Os treinamentos são fundamentais para que os manipuladores de alimentos e as áreas de apoio tenham conhecimento nos procedimentos, das legislações e da microbiologia de alimentos, ou seja, apenas através de funcionários devidamente treinados se formam os multiplicadores de informações e consecutivamente, a liderança consegue comprovar os treinamentos na pratica, produzindo assim um alimento totalmente seguro. Livre de qualquer tipo de contaminação, seja ela química, física ou microbiológica. Vale lembrar que os treinamentos não são essenciais apenas na indústria de alimentos, e sim em toda cadeia, fornecedor (indústria), restaurantes, açougues, redes de fast food, food trucks.

MN: Com a sua experiência no setor alimentício, você acredita que possam ser medidos os resultados do treinamento dos colaboradores e da adequação dos processos na qualidade do produto final?

Camila Volpato Cintra:  Com toda certeza, durante o processo avaliamos a eficiência na queda do indicador de avaliação de produtos não conformes durante a produção, indicador importante na gestão do processo durante a produção de um alimento, assim como também nas reclamações e devoluções, pois esses indicadores são os termômetros da eficiência na gestão, pois não é possivel avaliar 100 % do produto durante o processo.

MN:  Hoje, pode se dizer que o entendimento de uma empresa de alimentos sobre treinamento de pessoas é uma prática já implantada na maioria delas?

Camila Volpato Cintra: Sim, pois a própria legislação seja ela da Anvisa ou MAPA, define como pré requisito o treinamento para os manipuladores de alimentos. A frequência e a metodologia devem ser determinadas pela própria empresa, podendo esse treinamento ser realizado pela equipe ou com a contratação empresas de consultoria de segurança de alimentos, para administração do treinamento de boas práticas de fabricação, higienização dos equipamentos e utensílios, procedimentos operacionais padrão, microbiologia dos alimentos, e protocolos específicos de segurança dos alimentos, o escopo do treinamento depende de cada tipo de indústria.

entrevista

MN: Com a sua vivência profissional em grandes indústrias, como você pode dizer que as empresas são avaliadas por países que importam o produto? Levam em conta a experiência e certificação dos envolvidos com o setor de manipulação?

Camila Volpato Cintra: O Brasil é considerado como um dos melhores, em relação as legislações e inspeção de origem animal. Nossos órgãos fiscalizadores são de extrema importância as indústrias e também coordenado por excelentes profissionais, fazendo com que a imagem do pais perante países importadores seja a mais positiva. A certificação dos protocolos de segurança de alimentos é visto como um ponto inicial e principal para qualquer tipo de exportação seja ela Certificação do APPCC (Analises de Perigos e pontos críticos de controle), GFSI (Iniciativa Global para Segurança de alimentos), entre outras. Quando uma indústria possui uma dessas certificações é vista de um olhar totalmente diferente, pois entende-se que essa empresa está disposta a seguir na integra todas as normas em relação a segurança do alimentos, certificando que todas as etapas do processo estejam devidamente avaliadas e certificadas, por uma empresa responsável. As exigências das certificações podem ser do próprio pais importador ou das normas do cliente importador.

MN: Por que a questão de capacitação e adequação de processos deve ser levada seriamente em conta pela indústria de alimentos que pretende fazer exportação?

Camila Volpato Cintra: Levar a sério as questões de adequação de processos, não devem ser feitas apenas pelas empresas exportadoras, e sim por todas as empresas. O objetivo é que a produção seja feita tanto no mercado interno quanto no externo com a mesma preocupação e seriedade, devendo pensar sempre nos resultados de uma produção segura e que atenda na integra as legislações vigentes para cada tipo de alimento. Esse conceito está muito claro dentro nas industrias atualmente, pois o consumidor de hoje, é muito esclarecido (ponto positivo aos brasileiros), e ele exige que o alimento que ele consome seja feito de acordo com as legislações e com total transparência. Nosso consumidor exige transparência nas rotulagens, podemos citar um exemplo recente, que é a legislação dos alergênicos, onde mães iniciaram uma campanha: Põe no Rotulo, fazendo com que se tornasse lei declarar os alergênicos nos rótulos, de forma clara e objetiva, destacando esses alimentos em negrito e caixa alta, após a lista de ingredientes.

MN: Como as empresas podem buscar profissionais que possam auxiliá-las na questão de fazer, mostrar e executar o treinamento para os manipuladores de alimentos?

Camila Volpato Cintra: Os próprios gestores da qualidade das empresas estão buscando cada dia mais estarem atentos as legislações vigentes e exigências dos consumidores e público alvo, para levar para dentro das empresas esse conhecimento e treinar os multiplicadores de informações, assim como as empresas também buscar muito treinamento “in company”, onde profissionais altamente gabaritados administram os treinamentos para a equipe definida pela empresa sejam os multiplicadores de informações. Logo que saiu a legislação de tratamento térmico para mortadela de temperatura ambiente, fui buscar no mercado, uma empresa que realizasse a toda minha equipe um treinamento, para que assim o conhecimento não fique apenas nas mãos da qualidade, e sim como toda equipe operacional. Devemos lembrar sempre, a importância do chão de fábrica, pois são eles nossos olhos, são eles que estão em contato direto no processo e conhecem todas as possíveis falhas.

MN: A indústria alimentícia nacional possui um bom produto para o mercado interno e externo ou há muito a ser feito e melhorado?

Camila Volpato Cintra: Como citado acima, hoje as empresas buscam produzir produto de qualidade, independente qual será o mercado, porém o mercado europeu e norte americano as exigências em relação as legislações são muito mais severas que a brasileira. O produto do Brasil é um produto muito competitivo no mercado internacional, e muitas empresas estão adequando seu processo de acordo com as legislações europeias e norte americanas. No Brasil, existem muitas multinacionais, em vários seguimentos de alimentos, que também determinam que seus procedimentos internos sejam embasados de acordo com as legislações internacionais. Muitas pessoas desconhecem o serviço do Mapa dentro das industrias. O Mapa atua de uma forma muito transparente e ética nas indústrias de alimentos, exigindo que todas industrias registradas no S.I.F, produzam alimento de qualidade e sigam as legislações brasileiras.

MN: Como poderia analisar a qualidade e processos que a indústria pode fortalecer e melhorar para atender a demanda de mercado e consumo?

Camila Volpato Cintra: Os melhores indicativos, e mais simples, são: gestão dos resultados das verificações do processo em relação as não conformidades, resultados das ações corretivas e preventivas, reclamações, devoluções e até mesmo uma pesquisa de mercado em relação à marca da empresa e o produto, através da percepção dos consumidores. As empresas devem sempre atender as legislações vigentes, manter uma equipe multidisciplinar para serem os multiplicadores de informações, como sempre estarem atentas às novas tecnologias, atenta a exigência de mercado e tendências.

MN: Como saber e analisar os pontos críticos que precisam ser treinados de forma constante para manter os profissionais aptos a estarem no setor da indústria que vai influenciar diretamente na qualidade do produto final?

Camila Volpato Cintra: Analisar as não conformidades presentes nos monitoramentos de autocontrole, pode ser o primeiro passo, porém, por experiência, sabemos que o maior ponto crítico são as contaminações, pois a falta de treinamento e conhecimento, pode fazer que um manipulador considere que esteja realizando um procedimento correto, e não esteja. O entendimento de contaminação cruzada para os manipuladores é bem complexo, nos profissionais da área sabemos como lidar com esses pontos na manipulação de alimentos, porém os colaboradores não possuem esse total conhecimento, ai que entra os treinamentos e a equipe multiplicadora de informações. Outra maneira de analisar os pontos críticos é fazendo uma matriz de riscos, onde se faz um fluxograma do processo, e avalia com critério cada etada do processo e o que essa etapa pode “causar” contaminação ao produto final. A avaliação de processo é uma das etapas  do Programa de APPCC (Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle).

MN: É possível uma indústria de alimentos ter o treinamento realizado por você para a adequação dos processos, controle da qualidade, padronização e capacitação de pessoas na questão manipulação dos alimentos?

Camila Volpato Cintra: Recentemente fiz uma parceria com uma consultoria, chamada Duprado, onde iniciamos alguns treinamentos: Analises de Perigos e Pontos Críticos de Controle, Rotulagem de Alimentos, Rastreabilidade, Recall, Alergênicos e Assuntos Regulatórios, entre outros, esses treinamentos podem ser realizados em empresas que tiverem interesse na reciclagem de seus profissionais, assim como administramos treinamentos abertos a profissionais da área de qualidade, produção e pesquisa e desenvolvimento das indústrias de alimentos. O contato deve ser realizado com o André Prado, através do e-mail andreprado@dupradoconsultoria.com, onde faremos o treinamento de acordo com a especificação e exigência do cliente. OS treinamentos são administrados aos finais de semana e ou feriados.

 


 

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Camila Volpato Cintra

Camila Volpato Cintra, formada em Medicina Veterinária na Anhanguera, Pôs graduada em Qualidade pelo Instituto Qualittas, e MBA em Gestão Industrial pela FGV. Já atuou na Garantia da Qualidade nas maiores empresas do setor de alimentos no Brasil: Marfrig Foods, Flamboiã Alimentos, Minerva Foods, Jbs Foods e Ceratti. Atualmente, atua na Garantia da Qualidade na Carnes Wessel. Atuando na área desde 2007. Palestrante em Simpósios, Congresso e Eventos na área de Carnes das Universidades Instituto Mauá, Universidade Federal de Lavras, UNESP, Anhanguera, entre outras.

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